A ARTE DE IGNORAR OS IGNORANTES

Há poucos dias eu estava no pátio de uma empresa e vi o patrão se dirigir a dois empregados com a recomendação de que deixassem por alguns minutos um determinado serviço para concluir outro cujo cliente estava aguardando. Minutos depois voltei a ouvir a mesma conversa, ou seja, o patrão falando aos empregados que deixassem aquele serviço que estavam fazendo para concluir o outro. Mais alguns minutos, parecia que ia começar um tiroteio no local. O patrão gritava de todos os jeitos:
- Quem é que manda aqui? Eu já mandei vocês largarem esse serviço...”. E imediatamente os funcionários deixaram o que estavam fazendo de lado para concluir o serviço reclamado pelo patrão.
Um minuto depois o patrão estava do meu lado comentando:
- Viu só! Tem que tratar eles com carinho...se a gente não falar com carinho eles não fazem o que a gente precisa”.
Por um instante eu curti o bom humor do cidadão, mas, fiquei a imaginar o que pensaria qualquer pessoa que no momento daquele escândalo estivesse passando por perto. Com certeza, quem ouviu toda a gritaria do patrão criou uma imagem negativa a seu respeito. Passei então a imaginar o quanto é difícil para nós julgar o comportamento de alguém.
Vejam só: o mais ignorante no caso foi o patrão que perdeu a paciência com os empregados, ou os empregados que ignoraram a ordem do patrão?
Temos de levar em consideração que a cada minuto existe gente sendo ignorada ou praticando ignorância. Ignorar o mal que recebemos de alguém é uma virtude. Porém, ignorar o bem já é uma injustiça. A propósito, ignorar os ignorantes é a grande virtude, porém, não podemos julgar ninguém sem levar em consideração que ignorados e ignorantes estão sempre em conflitos. Vale repetir aqui a máxima de que numa contenda existem três lados: o de quem está com certo; o de quem está errado; e o lado da razão.